Tributação de combustíveis e energia elétrica pressiona inflação medida pelo IPCA-15 em março

Tributação de combustíveis e energia elétrica pressiona inflação medida pelo IPCA-15 em março

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) apresentou uma variação de 0,69% em março, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24). Apesar de uma desaceleração em relação ao mês anterior (0,76%), o número ficou acima da projeção mediana do mercado (0,67%). No entanto, é importante ressaltar que houve uma queda em relação ao mesmo período do ano anterior, que apresentou variação de 0,95%.

Uma das principais fontes de pressão sobre o índice foi o aumento de tributos sobre combustíveis e energia elétrica. No acumulado dos últimos 12 meses até março, o IPCA-15 apresenta uma alta de 5,36%, número abaixo dos 5,63% acumulados até fevereiro. Embora ainda esteja acima da meta de inflação perseguida pelo Banco Central neste ano, que é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual, esse dado pode ser visto como um sinal momentâneo de alívio.

Para Andrea Angelo, economista-chefe e especialista em inflação da corretora Warren Rena, a dinâmica menos favorável da atividade econômica e da política monetária são causas para a importante desaceleração da inflação. Ela afirma em seu relatório que essa tendência deve se intensificar no futuro.

Apesar da queda nos chamados “núcleos” da inflação em relação a fevereiro, economistas da Terra Investimentos sugerem cautela e afirmam que é prematuro considerar o dado como uma inflexão na tendência da inflação. Rodolfo Margato, da XP Investimentos, compartilha essa opinião e destaca que, embora haja um processo de desinflação em curso, é cedo para afirmar que ele retomará tração daqui para frente, levando em conta o cenário de elevação das expectativas inflacionárias, taxa de câmbio depreciada e alguns estímulos de curto prazo à atividade econômica.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) é um importante indicador da inflação no Brasil e tem como objetivo medir a variação de preços dos produtos e serviços consumidos pelas famílias com renda de até 40 salários mínimos. Em março de 2023, o IPCA-15 variou 0,69%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora tenha havido uma desaceleração em relação ao mês anterior, quando o índice registrou alta de 0,76%, o resultado ficou ligeiramente acima da projeção mediana do mercado (0,67%).

Uma das principais fontes de pressão sobre o índice foi o aumento de tributos sobre combustíveis e energia elétrica. O grupo de Transportes teve a maior variação (1,5%) e o maior impacto sobre o índice, com uma contribuição de 0,3 ponto porcentual. O preço médio da gasolina subiu 5,76% após a retomada da cobrança de tributos federais, na virada do mês, o que respondeu por 0,26 ponto porcentual do IPCA-15 de março. O etanol, que havia ficado 1,65% mais barato em fevereiro, subiu 1,96% em março. Já o diesel (-4,86%) e o gás natural veicular (-2,62%) apresentaram queda de preço.

O aumento de preços nos transportes por aplicativo também chamou a atenção, registrando alta de 9,02% em março, após recuo de 6,05% em fevereiro, conforme informou o IBGE. Além disso, houve uma alta média de 2,85% na energia elétrica residencial, que contribuiu com 0,11 ponto porcentual da inflação do mês. Isso se deu em razão da retomada da cobrança de ICMS sobre tarifas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A liminar do ministro Luiz Fux em fevereiro acabou sendo confirmada pelo plenário da Corte no início de março.

É importante ressaltar que, em 12 meses até março, o IPCA-15 acumula alta de 5,36%, abaixo dos 5,63% acumulados até fevereiro. Mesmo assim, esse número ainda permanece acima da meta de inflação perseguida pelo Banco Central neste ano, que é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual. Embora haja uma importante desaceleração em curso da inflação, como apontado pela economista-chefe e especialista em inflação da corretora Warren Rena, Andrea Angelo, ainda é prematuro considerar o dado como uma inflexão na tendência da inflação, segundo observam os economistas da Terra Investimentos e da XP Investimentos.